2023-08-04

dstelecom: levamos a rede digital aos portugueses


dstelecom constrói “autoestradas digitais” até aos pontos mais remotos do país para que todos tenham acesso a uma cobertura de rede de fibra de última geração, e assim, ser um polo de atração de “fixação de pessoas e de investimento neste território.” Ricardo Salgado, CEO da dstelecom, explica os inovadores projetos da empresa altamente tecnológicos e as metas para 2024, com a cobertura de 1000.000 de casas em zonas de baixa densidade populacional.

 

Como se iniciou o percurso da dstelecom?

A dstelecom é um operador de telecomunicações.

Nascemos em 2008, com o objetivo de construir uma rede backbone de fibra ótica para conectar 11 municípios do Norte de Portugal.

Em 2010, ganhámos o concurso público internacional, lançado pelo Governo português, para a construção e exploração de uma rede de fibra de nova geração com capilaridade de FTTH em 44 concelhos do Norte e 35 no Alentejo e Algarve, projeto concluído no final de 2013 com mais de 250 mil casas cobertas pela nossa primeira fase de construção.  Fomos considerados o primeiro e o maior operador grossista de telecomunicações da Europa.

Hoje, 10 anos depois, ultrapassamos a meta das 750 mil casas cobertas em cerca de 140 municípios e contamos com todos os operadores de retalho portugueses, fixos e convergentes, como clientes, o que diz bem da neutralidade e transparência das nossas redes e do nosso negócio. Temos em marcha um plano de construção que prevê que durante 2024 a nossa rede cubra cerca de 1 milhão de casas.

 

De que forma a dstelecom atua no mercado nacional e com que valências?

Como operador grossista, acabamos a construir uma rede que é o state of the art da tecnologia mundial nas zonas onde os nossos clientes ainda não tinham rede. O que significa dizer, os concelhos de menor densidade populacional, onde não existia racional económico para os nossos clientes investirem em redes de fibra e, por isso, onde só existiam infraestruturas de telecomunicações com bastantes limitações tecnológicas, como o cobre ou os satélites, passaram a beneficiar de uma rede fibra de nova geração.

Com a nossa infraestrutura de fibra multioperador, as famílias e as empresas dos municípios onde temos a nossa fibra passaram a poder escolher qualquer serviço, sem qualquer limitação ou discriminação de uma oferta alargada de serviços de todos os operadores de retalho a operar em Portugal. Somos, por isso, um operador de telecomunicações grossista, que opera redes multioperador abertas e neutras.

Fruto dos nossos clientes já terem redes de fibra nos centros das grandes cidades, acabamos por nos especializar nos territórios de menor densidade populacional.  Tenho a convicção que estas autoestradas digitais vão fazer mais pela fixação de pessoas e pela atração de investimento nestes territórios do que tanto as “autoestradas de asfalto nos prometiam”. 

 

A dstelecom tem o seu foco na cobertura de fibra ótica nas regiões do interior e de baixa densidade população. Neste sentido, existem outros projetos inovadores que estão a ser implementados?

Bom, como referi há pouco, há razões de mercado, razões de negócio, que explicam o facto de nos termos especializado em zonas de baixa densidade populacional. No entanto, para fique claro, não temos qualquer limitação técnica ou de know how para construir redes multioperador em áreas de maior densidade populacional, antes pelo contrário. 

A inovação faz parte do ADN da dstelecom. Costumo dizer que é uma inovação musculada. Temos processos, temos pessoas e democratizamos a inovação dentro da empresa.

Procuramos envolver o maior número de trabalhadores em equipas multidisciplinares. Não queremos uma inovação de guetos.

Temos vários projetos de inovação a decorrer dentro da empresa. Desde sensorizar cabos de fibra, ao lançamento de um satélite, ao desenvolvimento de know how em edge computing ou ao perceber como podemos reaproveitar os desperdícios dos cabos de fibra.

 

Até 2024, prevemos aproximarmo-nos da meta de 1.000.000 de casas cobertas em zonas que, até à nossa chegada, não tinham acesso a serviços de conectividade de última geração

 

A responsabilidade social começa pela atenuação das assimetrias regionais entre o litoral e interior.
Outro dos focos da empresa é a responsabilidade social que começa como primeiro propósito a atenuação das assimetrias regionais. Qual o plano de ação da empresa em relação ao impacto de boas práticas na região, na vida das pessoas e na área social?

A natureza do nosso negócio leva-nos a impactar de forma determinante na população que vive nas zonas onde a nossa rede chega, fixando pessoas e empresas e atraindo investimento.

Adicionalmente, contamos hoje com mais de 250 trabalhadores e naturalmente promovemos a contratação nos locais onde temos a nossa infraestrutura.

Finalmente, todos os anos lançamos um conjunto de iniciativas e apoios para as comunidades onde temos rede. Por exemplo, lançamos a iniciativa "conectar gerações" com o propósito de garantir que os lares de idosos têm acesso ao serviço de banda larga, reduzindo assim a solidão de quem lá vive.

Colaboramos na criação do projeto “estou”, cujo objetivo era reduzir isolamento social dos doentes internados nos hospitais do SNS, oferecendo tablets com um software próprio para a realização de videochamadas de forma simples e intuitiva.

Procuramos, ainda, dar conectividade a eventos locais. São muitas as iniciativas a que nos procuramos associar, nos 140 municípios onde já chegamos com a nossa rede. 


A empresa dá uma atenção especial à sustentabilidade e a preocupação de minimizar os impactos ambientais decorrentes da sua atividade.
Qual a estratégia da dstelecom no âmbito desta área, mas também ao nível de projetos que cumpram este objetivo?

O ESG é um forte pilar do nosso negócio. Na dstelecom acreditamos que este é o momento de construir um futuro onde a sustentabilidade e o foco na responsabilidade social estejam no centro do nosso negócio. Temos a oportunidade, o poder e o dever de criar um Planeta mais sustentável, impactar positivamente no bem-estar das Pessoas que nos rodeiam e garantir a Prosperidade do nosso negócio com ética e transparência.

Neste momento temos, inclusive, um trabalhador especializado nesta área, inteiramente dedicado a estas questões, que procura impulsionar a dstelecom em direção a uma trajetória sustentável, socialmente responsável e com práticas de governança exemplares, em linha com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Queremos criar um mundo melhor para todos no presente sem destruir as oportunidades das próximas gerações.

 

Em relação à transição energética, quais as medidas que a empresa adota relativamente à sua própria logística e equipamento?

Em termos de eficiência energética, várias são as iniciativas que temos vindo a desenvolver nas nossas centrais de telecomunicações.

Neste momento, 100% da energia consumida pela nossa rede é verde, sendo 40% suportada por energia solar, o que se reflete numa redução de cerca de 20% no consumo energético e de aproximadamente, 167 toneladas de emissões de Co2 por ano.

Substituímos todos os equipamentos de refrigeração das nossas centrais para melhorar a eficiência e reduzir o consumo de energia.

Tratando-se de uma infraestrutura multioperador, a nossa tipologia de negócio é ambientalmente eficiente, uma vez que evita infraestruturas e materiais duplicados e, simultaneamente, cria sinergias técnicas e económicas.

Na dstelecom, "nada se perde, tudo se transforma".  E foi a pensar nisso que criamos um grupo de trabalho com vista a dar uma nova vida ao desperdício de cabos de fibra.

Ao adotar um modelo de trabalho híbrido, reduzimos a pegada ambiental de nossos espaços de escritório e diminuímos a necessidade de muitos dos nossos trabalhadores se deslocarem até ao escritório.

As próprias deslocações para o trabalho são, também, mais ecológicas. Implementámos iniciativas de partilha de viaturas entre trabalhadores e garantimos que a rota dos autocarros públicos de Braga passa hoje no nosso campus.

Já nos nossos escritórios, além de medirmos consumos hídricos, instalamos torneiras com temporizador, sistemas de rega inteligentes e tambores de água para eliminar o uso de água engarrafada. Implementamos programas de reciclagem e triagem de resíduos, substituímos os copos descartáveis por chávenas e garrafas reutilizáveis e instalamos iluminação LED com sensor de movimento, entre muitas iniciativas conjuntas, como a plantação de árvores no campus.

 

Na dstelecom, "nada se perde, tudo se transforma".  E foi a pensar nisso que criamos um grupo de trabalho com vista a dar uma nova vida ao desperdício de cabos de fibra.

 

De que forma a ética empresarial e governança corporativa é essencial para a dstelecom e porquê?

Acredito verdadeiramente que o sucesso que temos vindo a alcançar ao longo destes 15 anos é fruto da confiança que conquistamos junto dos nossos stakeholders. É por isso que promovemos a ética nos negócios enquanto centro de nossa governança corporativa. Honestidade, confiança e justiça são valores fundamentais.

Se me perguntar qual é a nossa maior conquista, eu responderia que é a confiança do mercado.  Acredito que a ética e transparência são pilares determinantes para essa confiança se consolidar.

Temos todos os operadores nacionais a trabalharem na nossa rede o que é a confirmação de que temos conseguido ganhar o respeito e confiança deles.

Simultaneamente, internamente, promovemos a igualdade de oportunidades, removemos quaisquer barreiras ou handicaps e condenarmos ativamente qualquer tipo de discriminação. Sou dos que acredita no poder da diversidade como um forte dínamo da inovação.

 

O Capital humano é um dos principais ativos da dstelecom, de que forma a empresa aposta em iniciativas e atividades que promovem o bem-estar dos seus colaboradores, mas também, na sua formação?

Como eu costumo dizer, na dstelecom, procuramos recrutar boas pessoas e, independentemente do departamento ou função, tentamos sempre que tenham pelo menos três características: curiosidade, entusiasmo e otimismo. Curiosidade para aprender constantemente; entusiasmo para aguentar, suportar e celebrar as mudanças; otimismo para transmitir uma áurea positiva que permita essa mudança, não apenas na pessoa em causa, mas em toda a equipa. Se tivermos dentro de casa pessoas com estas qualidades, quando forem chamadas a participar, vão fazer perguntas e vão questionar o status quo e com isso suscitar reflexão e discussão.

Os trabalhadores são, efetivamente, o nosso maior e mais importante ativo, pelo que o nosso negócio depende diretamente da felicidade de cada um deles. “Trabalhadores felizes fazem empresas felizes”, não me canso de o dizer.

Procuramos que os trabalhadores sintam alegria e felicidade com o trabalho que desempenham. O trabalho não tem de ser um sacrifício ou período penoso do dia. Respeitamos, no entanto, a vida pessoal e familiar dos nossos trabalhadores.

Temos implementado um regime híbrido de trabalho.

Além de dezenas de benefícios em farmácias, óticas, clínicas de nutrição e ginásios, disponibilizamos, no nosso campus, o acesso gratuito a um centro de saúde com médico e serviços de enfermagem diários, psicologia, medicina dentária, medicina curativa e nutrição.

Promovemos a leitura e temos formação continua. Cursos técnicos, soft skills, filosofia, o plano anual de formação é muito denso e variado.  

Estamos, realmente, empenhados em que os trabalhadores sejam felizes, consigam crescer e realizarem-se profissionalmente.

Em 2022, fomos distinguidos pela Ordem dos Psicólogos, em parceria com a ACT e Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, com o selo Healthy Workplaces Awards’22 pelo forte empenho na gestão dos riscos psicossociais dos nossos trabalhadores, assim como na promoção de condições que suportem a sua saúde e bem-estar.

Destaco, ainda, a criação da Academia dstelecom, que surge do reconhecimento da importância da formação para o crescimento e desenvolvimento dos nossos trabalhadores.

 

Futuro: Novos projetos, novas áreas de implementação. 

Num futuro próximo, quais projetos que estão a ser desenvolvidos?

A Inovação é um dos mais importantes pilares do ADN da dstelecom.

Ano após ano, cresce o número de projetos de inovação liderados pelos nossos trabalhadores e pela comunidade científica.

Com olhos postos no futuro, vários são os projetos de pesquisa realizados também com o MIT e várias universidades e institutos portugueses de renome.

Contudo, não nos desviamos, nem um milímetro, do nosso propósito. Estamos focados em alargar o footprint da rede FTTH em Portugal, tanto nas zonas atuais como nos municípios vizinhos e, assim, contribuir para a redução das desigualdades que ainda existem no país ao nível do acesso ao mundo digital.

Além disso, estamos atentos ao concurso relativo à cobertura das Zonas Brancas e posicionados para contribuir para o projeto que vai permitir a cobertura total do país com serviços de conectividade. 

Até 2024, prevemos aproximarmo-nos da meta de 1.000.000 de casas cobertas em zonas que, até à nossa chegada, não tinham acesso a serviços de conectividade de última geração.

Como já mencionei anteriormente, faz todo sentindo exportar este modelo de negócios multioperador para o 5G ou pelo menos para o 6G. Temos estado a trabalhar nessa possibilidade com os nossos clientes.

 

Em que consiste os projetos AEROS e K2D, quais os objetivos e de forma serão implementados?

Ano após ano, cresce o número de projetos de inovação liderados pelos nossos trabalhadores e pela comunidade científica. O AEROS visa a monitorização da superfície da terra e do oceano através de um sistema de comunicações entre satélites e a terra. Temos como objetivo lançar um pequeno satélite no início de 2024.

No que toca ao K2D, o projeto tem como objetivo a monitorização ambiental das profundezas do oceano ao desenvolver sensores para a instalação em cabos submarinos. Neste momento já realizamos um teste piloto na ZLT Infante D. Henrique, mas os próximos passos passarão por instalar um novo cabo submarino maior capacidade de monitorização.

 

Ainda numa abordagem de futuro, como se desenha o futuro percurso da dstelecom, quais as novas áreas de participação e as novas geografias?

A nossa Visão passa por libertar as pessoas das barreiras geográficas, construindo autoestradas digitais e um mundo digital. Por isso, no nosso plano estratégico, temos previsto continuar a crescer com as redes FTTH.

Faz todo sentindo exportar este modelo de negócios multioperador para o 5G ou pelo menos para o 6G e temos estado a trabalhar nessa possibilidade com os nossos clientes. Costumo dizer que a dstelecom constrói as autoestradas e os operadores só têm de se preocupar com a construção dos carros, que é como quem diz, com a produção dos conteúdos.

Queremos capitalizar o capital de confiança que temos do mercado português e ser um parceiro ativo na gestão e sensorização dos novos cabos submarinos que vão ligar o continente aos arquipélagos dos Açores e da Madeira, mitigar barreiras geográficas com comunicações por satélite – e, por isso, estamos ativamente envolvidos num consorcio português para lançamento, em janeiro de 2024, de um pequeno satélite no espaço, cujo propósito é aprendermos como podermos dar conectividade a zonas altamente remotas. Finalmente, queremos desenvolver este negócio em outras geografias.

Ou seja, vamos procurar continuar a crescer por terra, ar, mar e espaço, em qualquer região do planeta.

 

Ricardo Salgado,

CEO da dstelecom

 

Fonte: País Positivo